Os municípios da Baixada Fluminense tiveram dificuldade para dar conta dos gastos públicos em 2020.
Segundo análise do Índice Firjan de Gestão Fiscal, 84,6% das prefeituras apresentaram situação fiscal difícil ou crítica. O índice leva em conta critérios como autonomia dos recursos, gastos com pessoal, liquidez e investimento.
No ranking da Baixada, Japeri, Duque de Caxias, Queimados, Itaguaí, Seropédica e Nilópolis apresentaram baixo nível de investimentos. O relatório destaca ainda que Duque de Caxias terminou o ano de 2020 sem recursos em caixa suficientes para dar conta das obrigações financeiras do município e recebeu nota zero no critério liquidez.
No bairro Pilar, em Duque de Caxias, a cuidadora Dilcinete da Silva, de 54 anos, que mora na região há 14, diz que não tem visto nenhum tipo de investimento no local em todos esses anos:
— Ninguém fez nada. A gente não vê nada de investimento. Há 14 anos que tem essa bagunça — diz ela, apontando para a rua enlameada — Quando é para pedir voto, vieram. Mas quando é pra fazer alguma coisa fica assim. Agora é que dizem que vão fazer, mas ainda vamos esperar para ver se vai sair — desabafa.
Ela diz que há aproximadamente três semanas uma equipe deixou algumas manilhas no local com a promessa de fazer a obra de asfaltamento e esgoto, que fica a céu aberto e cujo custo acaba sendo dos moradores. O pedreiro Francisco de Abreu, de 63 anos, vive há mais de 40 anos na Rua 10 e diz que em todo esse tempo nada foi feito para resolver a situação do esgotamento ou da falta de asfalto. Ele chegou a colocar um cano para impedir que o esgoto vazasse para sua casa.
— Em 40 e poucos anos só tem promessa. Eu comprei um cano de ferro e botei, gastei mais de 100 reais — diz.
E, quando chove a situação fica ainda mais difícil para os moradores da Rua Alcidino Paulino Quaresma. O repositor Ricardo Silva, de 30 anos, que vive há 10 na região, diz que os veículos dos moradores não conseguem sair devido ao volume de lama:
— Essa rua é sofrida quando chove, acho que é uma das mais prejudicadas. O pessoal bota galocha, bota saco no pé, porque de carro e moto ninguém sai, não.
Os moradores contam que para sair do local em dias chuvosos chegam a carregar galões de água para limpar os pés da lama quando chegam a uma rua asfaltada.
A prefeitura de Caxias diz que a cidade possui uma gestão fiscal difícil desde 2013 “em função de sua série histórica”, e que em 2020 apresentou o melhor resultado dos últimos anos, com previsão de melhora para 2021. Sobre o resultado zero no critério de liquidez no Índice da Firjan, a prefeitura afirma que este índice está zerado desde 2013 com perspectiva de melhora também em 2021. Já sobre as obras de infraestrutura na Rua Alcidino Paulino Quaresma e Rua 10, no bairro Pilar, a prefeitura alega que elas fazem parte do pacote de obras do Governo do Estado com apoio do município e que na primeira rua já está em execução.
Sobre as obras de saneamento básico, a concessionária Águas do Rio, responsável pelo serviço desde a semana passada e que já iniciou uma série de obras na Baixada Fluminense, afirma que vai investir mais de R$ 3 bilhões no saneamento básico de Duque de Caxias durante a concessão, e que as primeiras obras acontecem nos bairros Jardim Gramacho, Vila Guanabara, São Bento, Itatiaia, Pedro Américo e Centro. A empresa não deu estimativa para início de obras no bairro Pilar, e disse que os moradores da região podem entrar em contato pelo Whatsapp da empresa ou pelo número 0800 195 0 195.
Ainda de acordo com o ranking de gestão fiscal da Firjan, na lanterna estão os municípios de Paracambi, Magé e Guapimirim com o quadro mais crítico de gestão. Paracambi teve nota zero em autonomia e liquidez, e Magé, em gastos com pessoal. Já Guapimirim apresentou dificuldade no planejamento financeiro, baixa autonomia, alta rigidez orçamentária e nível crítico de investimentos. Na contramão, se destacam os municípios de Nova Iguaçu, com o melhor desempenho geral, e Belford Roxo.
Redação: Radio e Jornal A Voz do Povo.
Direção: Jornalista Marcio Carvalho.
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