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Especialistas fazem alerta sobre o Rio Botas na Baixada.

As enchentes na Baixada Fluminense são um problema histórico, mas a chuva que caiu sobre a região no último final de semana é chamada por especialistas de “evento extremo”. 

E a tendência é que chuvas nessa intensidade sejam cada vez mais recorrentes, como consequência dos efeitos das mudanças climáticas.

— Foi uma concentração de chuva que é muito acima do normal. Eventos extremos ocorrem na natureza, mas o que a gente vem percebendo por conta das mudanças climáticas é uma ocorrência mais frequente desses efeitos de chuva, porque há aquecimento da atmosfera, maior evaporação e tem mais concentração de umidade na atmosfera, o que vai desencadear chuvas mais concentradas no tempo e no espaço — explica o professor de geografia da UFRRJ, Heitor Soares de Faria.


O Rio Botas, que corta cidades como Nova Iguaçu e Belford Roxo, transbordou inundando bairros inteiros nas duas cidades. Em Nova Iguaçu, mais de 5 mil pessoas ficaram desalojadas e 40 estão desabrigadas. Em Belford Roxo, são mais de 300 desalojados e 25 desabrigados.


Desde 2020, a prefeitura de Nova Iguaçu já desembolsou mais de R$ 27 milhões para a Construtora Lytorânea SA para obras de canalização do Rio Botas, segundo o Portal da Transparência do município. De acordo com a prefeitura, a canalização está sendo feita em um trecho de 1,4km de extensão que corta Comendador Soares para dobrar a largura e aumentar a profundidade do rio. A canalização também foi feita nos bairros de Santa Eugênia e Moquetá. Todas as três regiões foram fortemente afetadas pela inundação da última sexta-feira que fez o rio transbordar. Ainda de acordo com a prefeitura, 70% da obra de canalização do Rio Botas está concluída.


Já sobre a prefeitura de Belford Roxo não foi possível encontrar despesas sobre o tema no Portal da Transparência do município. Procurada, a prefeitura disse que o Programa Limpa Rio, do Governo do Estado, atua no município fazendo dragagem e limpeza dos rios, e que no Rio Botas foi feito nos trechos de Vila São Luiz, Heliópolis e Babi.


Embora a intensidade da chuva não fosse possível de evitar, o professor do departamento de engenharia sanitária e ambiental da Uerj, Adacto Ottoni, diz que há medidas que as prefeituras podem adotar para diminuir o impacto dos efeitos das chuvas intensas, causadas pelos efeitos das mudanças climáticas:


— Foram três os fatores que agravaram a magnitude das consequências da chuva: a falta de saneamento de esgoto, a deficiência na coleta de lixo e o desmatamento da bacia hidrográfica. O lixo todo ficou retido nas pontes do rio, que se transformaram em barragens. O rio começou a transbordar e inundou tudo — afirma.


Segundo o especialista, o esgoto in natura além de poluir a água, também assoreia o rio.


— Tem que fazer essas intervenções para proteger as cidades das chuvas intensas que virão, e sem isso, essas tragédias vão voltar a acontecer novamente — avalia Adacto Ottoni.


Para o professor de Geografia da UFRRJ, Heitor Soares de Faria, a ocupação do entorno do leito dos rios nas cidades da Baixada Fluminense deve ser evitada.


— Todo rio tem uma planície de inundação. A cada chuva mais intensa, o rio enche, inunda essa planície, e quando cessa a chuva ele volta ao normal. Na Baixada Fluminense, as pessoas ocuparam essa planície de inundação dos rios, e quando tem chuva mais intensa, ela atinge diretamente essas pessoas — explica.


Para ele, ações como a limpeza dos rios e das galerias pluviais, além da coleta de lixo e de uma proposta de solução habitacional para as pessoas que vivem próximas aos rios são medidas que os governos municipais e estaduais devem adotar para que a situação não se repita.


Moradora de Nova Aurora, Ivanete Silva, de 52 anos, disse que nunca viu tanta chuva. O filho dela, Emerson Silva, mora no bairro Santa Maria, que foi afetado pelo transbordamento do Rio Botas, e perdeu tudo.


— Dessa vez não teve como a água escorrer. Não teve vazão. Moro há mais de 30 anos em Belford Roxo e nunca encheu dessa forma. O rio já transbordou outras vezes, mas nunca nessa proporção. Tenho 52 anos e nunca vi assim — conta a dona de casa. 


Em menos de 15 minutos a água já havia passado de um metro na Vila São Luís.



Redação: Radio e Jornal A Voz do Povo.

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Direção: Jornalista Marcio Carvalho.

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