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Alunos em Caxias estão sem aula por falta de professores.

Mesmo com o início das aulas há duas semanas, ainda há alunos da rede municipal de Duque de Caxias que não retornaram às salas de aula, como os estudantes do quarto ano do Ensino Fundamental do Ciep Municipalizado Marie Curie, no bairro Chácaras Arcampo, às margens da rodovia Rio-Magé.

Mãe da aluna do quarto ano Eyshilla da Costa dos Santos, de 9 anos, que está sem aula, a dona de casa Renata Costa, de 35 anos, se diz preocupada com a situação da filha:

Acho isso um absurdo, total desrespeito. Me preocupa porque vai acabar atrasando as crianças. Ela fica muito triste, porque está todo mundo indo para a escola, menos ela. Já até chorou por isso. Ela acha que vai conseguir ter aula amanhã, eu ligo para a escola e não tem — conta.

Mas a falta de profissionais na unidade escolar é extensa. Segundo relatos, faltam professores para turmas da Educação Infantil, de classes especiais (dos alunos com deficiência), e de língua portuguesa, além de agentes de apoio para estudante com deficiência em turmas inclusivas.


Estudante do 9º ano, Maria Eduarda da Silva ainda não teve aulas de língua portuguesa este ano.

— Todo ano tem dificuldade de ter professores em todas as séries. A aula que os alunos mais querem é a de português. Ano passado teve, o professor saiu, este ano não tivemos ainda — diz.


O tempo de aula de língua portuguesa acaba ficando vago ou sendo preenchido por atividade de professor de outra disciplina, segundo ela.

— Nós ficamos aguardando na escola para ter outro tempo de aula ou um professor dá mais um tempo para recuperar esse de português que não tem — afirma.

Mãe de um aluno do 9º ano com autismo e de turma inclusiva, Maria Auxiliadora Abraão Tomás, de 65 anos, relata que a falta de agentes de apoio para o seu filho Yan Abraão, de 20 anos, acaba reduzindo seu tempo na escola.

— Ele é incluso, mas precisa de uma pessoa de apoio, porque só os professores não conseguem. O tempo de aula dele é reduzido, ele não suporta mais ficar no colégio. Se cansa e quer ir embora — conta.

Segundo professores, Yan não consegue ler nem escrever, e precisa de agentes de apoio à inclusão em caráter emergencial para acompanhar seu desenvolvimento escolar, assim como, pelo menos, outros sete alunos.

A falta de profissionais na escola não é o único obstáculo que os estudantes do Ciep Marie Curie enfrentam. A Rua Acaraju, onde a escola está localizada, é tomada por buracos e quando chove, fica tudo enlameado. Pais e professores relatam que vez ou outra alguém quebra o carro passando pelos buracos da rua. Não há linha de ônibus que passe pela localidade também (com exceção da Rio-Magé), e os estudantes dependem do ônibus escolar. Por causa da dificuldade de acesso ao local, a escola sofre com a debandada de profissionais. Do ano passado pra cá, 10 professores pediram transferência do Ciep Marie Curie.

Pai de uma aluna do 7º ano, o morador da região Marcelo de Souza, de 38 anos, leva e busca a filha Raquel, de 14 anos, todo dia de bicicleta, mas tem dias que por causa da lama não é possível.

— Tem hora que não dá para buscá-la por aqui de bicicleta. Como eu moro perto, dá para fazer esse trajeto beirando a pista (Rodovia Rio-Magé), porque aqui não tem condições de passar. É muito buraco — diz.

Segundo ele, os buracos na rua se abriram desde o ano passado por causa de uma obra que é realizada nas proximidades da escola.

Morador da região e aluno do Ciep há 13 anos, o estudante do 9º ano, Milton Daniel Teixeira, de 15 anos, que também está sem aulas de língua portuguesa, diz que quando chove a lama é tanta, que ele mal consegue sair do portão de casa:

— A dificuldade é passar na frente do meu portão, fica cheio de lama. É muito difícil vir pra cá. Eu espero o ônibus escolar que passa na minha casa — afirma, contando que prefere esperar o ônibus a ir de bicicleta por causa da lama.

Em uma atividade em sala de aula, alunos do 2º ano do Ensino Fundamental desenharam e descreveram a rua do entorno da escola como o que veem da janela do ônibus. "Fica muito difícil quando venho de bicicleta", disse um estudante. "Eu queria que não tivesse buracos", disse outro.


Em nota, a prefeitura de Duque de Caxias disse que está realizando uma nova chamada do Processo Seletivo Simplificado para complementar o quadro de docentes do Ciep Municipalizado 328 Marie Curie, e que vai enviar no início de março os profissionais habilitados para trabalharem como agentes de apoio na escola. A prefeitura não informou quantos agentes serão enviados para a escola, que depende de uma avaliação “que está sendo realizada pela equipe de Educação Especial da SME”, diz a nota.


Sobre a obra na Rua Acaraju, a prefeitura diz que é uma intervenção do Governo do Estado, e que vai pedir agilidade no serviço e, “enquanto as obras não são concluídas, vai pedir uma solução temporária para facilitar o acesso dos estudantes à escola”, afirma. O Governo do Estado não esclareceu do que se trata a obra na região.


 

Redação: Radio e Jornal A Voz do Povo.
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Direção: Jornalista Marcio Carvalho.

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